Visão Geral
Primeiro romance publicado pela escritora nigeriana Sefi Atta, no Brasil publicado pela TAG livros juntamente com a editora Record em Setembro de 2020.
Esse livro é narrado por Enitan, uma mulher nigeriana que conta desde a infância até a vida adulta, abordando os temas mais diversos como o papel de gênero que molda a relações familiares, como a religião tem um papel determinante em uma sociedade desestabilizada, como um regime totalitário interfere no dia-a-dia das pessoas, além de questões relacionadas à organização social e a violência. A história começa quando Enitan ainda criança conhece sua vizinha Sheri e logo percebe que essa nova garota não seria vista com bons olhos pela sua família por causa de seus modos liberais e sua família não ortodoxa. As amigas tomam caminhos bem diferentes na vida e apesar disso se mantêm unidas. A história envereda para os problemas enfrentados por Enitan em sua vida profissional e pessoal, causados por sua recusa em aceitar a posição servil que a sociedade lhe atribui por ser mulher. Adiante, a política começa a ter grande influência em sua vida por causa da prisão de seu pai.
O livro é dividido em 4 partes: 1971, 1975, 1985 e 1995. As duas primeiras partes contam os acontecimentos da infância e da adolescência, em que o marco é como elas eram preparadas para serem boas esposas e como essa criação tem influência em suas opiniões. Um acontecimento traumático marca o fim dessa etapa e molda o caráter das duas. A terceira parte (1985) traz de forma mais forte o contexto político da Nigéria, os diversos golpes de estado que acontecem e como Enitan vê esses acontecimentos quando está na Inglaterra. Durante esse período as amigas se separam, mas quando Enitan volta para Nigéria elas retomam a amizade. Apesar da falta de desenvolvimento dos personagens ― não entendemos porque fazem o que fazem ou o que os move os problemas políticos do país ― essa é a melhor parte do livro.
A última parte (1995) é marcada pelo casamento de Enitan com um homem sem qualidades aparentes, exceto não ser violento e não possuir amantes. Enitan e o marido travam uma luta silenciosa onde ele tenta subjugá-la ao lugar de esposa enquanto Enitan tenta ser tratada como igual. A tensão política chega ao seu ápice quando Enitan tem seu pai preso pelo regime. Essa última parte destoa das demais por ser mais longa e por tratar de um período em que Enitan parece confusa em sua jornada de autodescoberta. Algumas pessoas criticaram essa organização em partes, alegando que cada pedaço é em si uma história e que não existe ligação entre elas além de todas acontecerem com a personagem principal. De fato, essa escolha da autora torna a história um pouco desconexa, algumas partes ficaram muito rasas e apesar de estarmos dentro da cabeça de Enitan, suas decisões não são fundamentadas.
Ainda assim, esse não é um livro ruim. Os personagens, apesar das lacunas, são bem construídos e suas questões são relacionáveis. A vida na Nigéria e suas implicações políticas mostram uma nova realidade que torna a obra interessante. Menciono alguns desses pontos abaixo.
Família
A relação familiar de Enitan é marcada pelos costumes e tradições da época, relação que se dissolve e se recompõe ao longo da leitura. Ainda quando criança, Enitan sente medo e raiva da mãe que é mais rígida e religiosa, ao passo que tem mais simpatia e carinho pelo pai que tenta relaxar as restrições que a mãe impõe. Ainda durante a infância, Enitan perde o irmão mais novo, o que leva o relacionamento dos pais ao limite, levando-os a viver em constante conflito. Os sentimentos de Enitan em relação aos pais se equalizaram durante sua vida adulta, ela passa a fazer leituras mais elaboradas sobre a figura do pai e entender que a forma rígida e religiosa da mãe eram a forma que ela tinha de existir naquela sociedade.
Amizade
A amizade que surge na infância entre as garotas é colocada em segundo plano durante a última parte do livro, porém ainda assim esse relacionamento é o ponto mais forte do livro. As personagens, apesar das muitas diferenças, se ajudam e se apoiam durante a maioria da obra. Quando criança Sheri tinha as ideias mais liberais exceto na questão do papel da mulher. Ao passo que Enitan tinha ideias mais conservadoras, recriminando as roupas e o batom da amiga, exceto na questão do papel da mulher no lar, afinal ela queria ser presidente. No futuro os papéis acabam se invertendo, Enitan acaba se casando e tenta assumir seu papel como mãe e esposa, ao passo que Sheri não. A amizade entre as duas é uma construção complexa do que é, sente e move uma mulher negra nigeriana.
Cultura
Em um momento o livro discute dois traços de escritos eurocêntricos: primeiro na simplicidade em que o continente africano é representado, o segundo é em como não se explica detalhes culturais para o público estrangeiro. A obra então se propõe a representar personagens nigerianos de forma complexa e a ser uma obra para o público interno. Durante a narrativa várias partes da língua nativa da personagem são apresentadas e seu significado deve ser intuído a partir do contexto.
Diante de um mundo dividido entre Oriente e Ocidente, não havia lugar para nós… Nosso lugar era entre os últimos, entre o Terceiro Mundo e o Quarto. Um povo pobre. Uma cultura selvagem… Livros inteiros dedicados à salvação da genitália das africanas. Se ao menos essas mulheres pudessem ler esses livros, avaliá-los.
Minhas novas colegas ficaram surpresas ao saber que eu não morava numa cabana na África, que eu nunca tinha visto um leão.
Algumas decisões tomadas pela personagem principal também parecem inviáveis aos olhos de um leitor estrangeiro, o processo decisório não aparece deixando subentendido que a pressão social levou a personagem a tomar tal decisão, no entanto isso não atrapalha em nada a leitura do livro.
Situação da Mulher
O ponto central da obra é a posição da mulher na sociedade. Como Enitan tenta escapar do que era esperado delas: o casamento, cuidar da casa, cozinhar e cuidar dos filhos, enquanto o marido trabalhava, saia para talvez encontrar com amantes.
Era melhor ser feia, aleijada ou até ladra do que ser estéril… Os grandes dias de nossa vida seriam: o nascimento do primeiro filho, o dia do casamento e o da formatura, nessa ordem.
Enitan luta com os costumes que institucionalizam essa diferença de gênero por meios culturais e sistêmicos, mas sem muito sucesso.
Social
A Enitan se entristece com a situação do país, mas as pessoas a sua volta parecem não compartilhar desse sentimento. A classe média e os ricos são muito poucos e o resto do povo sofre sem energia, sem água, diversas doenças, ganhando muito pouco. Outra coisa é a visão que a classe média tem dos que estão abaixo deles, incentivam segregação e preconceitos. Existe até uma comparação com jeito que a classe média nigeriana trata os “empregados” da casa, com o que os negros da Africa do Sul passaram durante o Apartheid.
Achávamos que a má situação de alguém era de certa forma merecida. Eles eram pobres, analfabetos, radicais, subversivos, não eram como nós.
[Conversa de Enitan com o marido] ― O povo do Norte é que é responsável pelos problemas deste país. Eles arruinaram completamente a economia ― Os mendigos e o nosso vigia noturno são do Norte… Não os vejo arruinando a economia.
Política
Por ousar a desafiar os ideais do governo em um jornal, o pai de Enitan acaba sendo preso e ela fica dividida entre fazer algo ou ouvir os conselhos (ordens) de seu marido para não se envolver.
Use sua voz para incentivar mudanças. Muita gente neste país não tem chance na vida. Nascem na pobreza, passam fome desde pequenas, sem qualquer educação formal. O que me espanta é o fato de os privilegiados da Nigéria acreditarem que não fazer nada é uma opção.
O livro tem um tom autobiográfico em que a trama principal é a vida de Enitan e o que acontece quando ela tenta se rebelar, ainda que minimamente. Os temas centrais são a relação familiar e o caos político que assolou o país. O livro propõe várias reflexões e uma exposição complexa da mulher negra nigeriana. Por fim, no livro os personagens dizem uma frase quando querem prevenir ou fazer alguma advertência que é “Nada de bom vai lhe acontecer”, o título da obra vem da cena final onde Enitan em um momento de libertação escuta essa frase e diz ― tomada por um otimismo assombroso ― exatamente o contrário “Tudo de bom vai acontecer”.
Resumo
Essa parte contém spoilers. Anoto os principais pontos da história para evitar os efeitos do tempo.
1971
- Enitan é uma menina de 11 anos, que mora com os pais. Sua família é uma família de posses na Nigéria, eles tem vários funcionários e uma propriedade de 4 mil quilômetros quadrados. Apesar da boa situação financeira, os pais de Enitan brigam bastante, tudo piorou depois da morte de seu irmão mais novo. Sua mãe havia entrado em uma igreja para tentar salvar o menino de 3 anos, Enitan era dois anos mais velha. Os pais geralmente brigavam por causa de coisas que a mãe muda em casa por influência da igreja. Enitan não se sente à vontade nessa nova religião da mãe.
- Além disso, a Nigéria está passando por um período de ebulição, marcada por sucessivos golpes e agora uma guerra civil com viés separatista. Ela escuta muito por cima que seu tio se juntou aos rebeldes e que isso causou sua morte.
- No domingo, enquanto estava do lado de fora da casa, Enitan conhece Sheri que de alguma forma acha um caminho entre a cerca que divide as propriedades de seus pais. Ela também tem 11 anos, mas Enitan a acha estranha, especialmente porque ela usa salto alto, usa batom e tem um cabelo afro. As garotas brincam um pouco e combinam de se encontrar novamente no próximo domingo. Enitan tenta esconder essa nova amizade da família porque sabe que a mãe religiosa não aprovaria uma menina tão solta. As duas garotas estão se preparando para ingressar na escola secundária em pouco tempo, o que as levará para longe de suas casas.
- Um detalhe sobre Sheri é que ela é mestiça (?)
- Enitan tem muito medo da mãe
- Apesar de Enitan reprovar os modos comuns da amiga, ela é que tem as ideias mais revolucionárias. Quer ser presidente. Fala em deixar o marido se ele discordar dela. Ter um filho.
- Enitan passa o último domingo na casa de Sheri conhecendo sua família, que é completamente diferente da dela. O pai tem duas esposas e além de Sheri existem mais 4 crianças. A família parece ser leve e divertida.
- Durante o dia elas discutem assuntos banais, mas também falam de sexo, daquele jeito que as crianças falam, eu sei mais do que você haha. Na volta pra casa Sheri dá um livro romântico com muitos beijos para que Sheri leia na nova escola.
- Na volta para casa, a mãe devota de Sheri acaba encontrando esse livro na sua mala. O que leva a uma pequena briga entre a família. O pai tenta acalmar a situação.
- Antes de partir, seu pai lhe deu alguns presentes de despedida, uma caneta e um relógio. Enitan sente um grande carinho pelo pai.
1975
- Enitan começa essa parte do livro já a algum tempo no colégio interno. Ela já está um pouco mais madura e já sabe lidar com a mãe de uma forma melhor (fingindo as reações que a mãe espera que ela tenha), sua visão de mundo é ampliada porque nessa escola há meninas das regiões mais diferentes do país. Nesse momento ela percebe o peso da colonização inglesa e os conflitos causados por ela. O colégio é cheio e sujo, mas mesmo assim ela se sente melhor lá do que em casa.
- Sheri e Enitan mantêm a amizade trocando cartas.
- Enitan é líder do clube de debate e eles participam de uma competição com algumas outras escolas. Ela vai bem, mas no final perde para uma outra escola de garotos. Como parte da cerimônia, ela e esse outro garoto, ao terminar a competição, devem iniciar o “baile”, dançando a primeira música. Eles conversam um pouco, dançam a música e depois passam o resto da noite sentados em uma mesa. Enitan o acha diferente dos outros garotos (não do tipo que faz as outras garotas se derreterem) e meio que desenvolve uma paixão platônica por esse menino.
- Algum tempo depois ela volta para casa para as férias de verão. A situação entre os pais está pior que nunca, a mãe tranca a comida para evitar que o pai coma a comida em casa e ao invés de discutir eles mal se falam, na verdade passam o dia inteiro fora de casa, a mãe na igreja e o pai no trabalho.
- Sheri também volta de férias e elas começam a se encontrar. Conversam sobre as mais variadas coisas, em um desses dias elas decidem ligar para o “namorado” de Enitan, Damola. Não conseguem falar com ele. Um outro dia Sheri chega com a notícia de que elas vão a um concerto no parque porque o “namorado” de Enitan estará lá. As garotas se arrumam e vão ao parque a pé.
- Chegando no parque, Sheri se dirige ao grupo de garotos onde Damola se encontra e começa a conversar com eles naturalmente, logo Damola a chama para dançar. Enitan tenta trocar algumas palavras com os outros, mas percebe que eles não lhe dão atenção e só tem olhos para Sheri. Ela atribui essa preferência à cor da pele de Sheri, que é mais clara.
- Muitas pessoas estão no parque e ela decide se sentar longe do grupo perto de um lago. Depois de algum tempo um rapaz a convida para dançar e com muita insistência ela aceita, mas ao se levantar ela percebe que sua roupa tem uma mancha vermelha. Despede o rapaz, que vai embora estressado, e máquina meios de sair dali sem que ninguém perceba a mancha de sangue em suas calças. Ela decide esperar até que o parque fique mais vazio, e máquina meios de dizer isso a Sheri discretamente.
- Em um momento só restam elas duas e os rapazes, Sheri chega até ela para conversar, Enitan percebe que os garotos estão fumando algum tipo de cigarro grande e que Sheri está de olhos vermelhos e bêbada. Depois de um breve momento de censura, ela pede para ir embora, mas Sheri a ignora e volta para a companhia dos garotos, fumando com eles.
- Enitan decide dar a ela mais 10 minutos e depois tentar a sorte voltando sozinha. Ela escuta um grito de Sheri, mas não dá muita atenção. Depois de algum tempo de silêncio ela decide ir atrás de Sheri ao chegar perto de onde eles estavam, nota que Sheri estava dentro de uma Kombi com um dos rapazes em cima dela, tampado-lhe a boca, no começo ela não entende mais logo compreende que um estupro está acontecendo. O rapaz ao ver Enitan libera Sheri que foge em direção a amiga, ambas caem no chão e a Kombi bate em retirada. Enitan a veste e tenta limpar o que pode e elas voltam a pé para casa. Chegando em casa, Enitan deu banho em Sheri que estava em um estado de espírito péssimo.
- Enitan se vê incomodada, mas sem saber ao certo o motivo. Como em sopro, ela percebe que culpa amiga pelo acontecido, se ela não tivesse fumado maconha ou bebido demais ou ido embora cedo nada teria acontecido. “Meninas más eram estupradas. Nós todos sabíamos disso. Meninas fáceis.”
- No decorrer do verão Enitan é chamada pelo pai para uma conversa, onde eles dizem que a filha da vizinha Sheri, está grávida, no hospital e dizendo que foi estuprada e que ela (Enitan) estava lá. A duras penas ela confirma a história. Sua mãe a leva para a igreja para um ritual de purificação. (Sheri perde a criança)
- Um novo golpe militar acontece no país.
1985
- Essa parte começa com Enitan perdendo a virgindade. Ela sai da Nigéria e vai terminar os estudos na Inglaterra, lá ela estuda direito e se torna sócia de uma firma por lá.
- Ela tem alguns problemas com o racismo entre alguns colegas de curso, mas sempre os enfrenta bem. Nesse período alguns pensamentos antigos começam a ruir, como os pensamentos de criança sobre Sheri.
- Durante esse período, outro golpe de estado acontece na Nigéria (o governo civil é deposto). A opinião de Enitan é muito baseada na opinião pública inglesa, o que não reflete o que está acontecendo de fato no país.
- Nesse período os pais dela se separam.
- Sheri participa do concurso de miss, mas não ganha. Ela entra para o círculo de mulheres que têm casos com homens mais velhos, sustentadas por políticos.
- Algum tempo depois Enitan se cansa do frio inglês e decide voltar para a Nigéria. Ela faz um curso rápido de direito e começa a trabalhar com o pai.
- Uma semana depois da formatura dela na Nigéria, outro golpe de estado aconteceu. Alguns dias depois ela se alistou no serviço nacional e passou por um treinamento militar. Nesse acampamento ela conhece Mike Obi e eles se tornam amigos.
- Na volta de uma corrida de condicionamento físico, um carro para ao lado de Enitan, e para surpresa de todos é Sheri. Que está visitando a família. Elas marcam de se encontrar no final de semana.
- Enitan vai até a casa Sheri, descobre que a amiga agora é uma ótima cozinheira, mas acha um tanto estranho o arranjo que ela tem com seu amante casado. Ele a proíbe de sair em algumas ocasiões, tem que usar véu, precisa cozinhar para ele em separado por causa de seus problemas de saúde. Aqui se faz uma reflexão interessante sobre o papel da mulher nessa sociedade: “Era melhor ser feia, aleijada ou até ladra do que ser estéril… Os grandes dias de nossa vida seriam: o nascimento do primeiro filho, o dia do casamento e o dia da formatura, nessa ordem. Sheri parece ter entendido seu lugar nessa sociedade e tenta fazer com que Enitan aceite que seu destino é esse: casar, cozinhar para o marido e etc.
- Antes da formatura ela decide visitar Mike Obi. Conhece sua casa, Mike se diz um artista e mostra para ela suas obras. Eles passam a noite juntos e engatam um romance. Mike valoriza muito a religião local.
- Enitan depois da formatura passa a trabalhar mais tempo com o pai e com isso ela vai descobrindo coisas novas sobre ele. Percebe que ele mantém algumas brigas com a mãe, sem motivo. Que paga muito mal os empregados de sua empresa. Que é um grande progressista e defensor do voto e da democracia.
- Em uma das oportunidades que o pai recebe amigos em casa, Enitan sugere que ele contrate Sheri para cozinhar. O pai aceita. A festa corre bem, Enitan trás Mike para que o pai o conheça. Os amigos do pai falam de política. Depois de acompanhar Mike sozinha até a saída, ao conversar com o pai, ela percebe que ele não gostou da ocupação artística do rapaz, nem de seu costume vulgar de acompanhar o rapaz desacompanhada. Lhe ocorre que ela e o pai têm visões bem diferentes do que uma mulher pode fazer.
- O relacionado com Mike progride e ela conta o incidente com Sheri
- Sheri vai até o trabalho de Enitan pedir conselhos. Seu amante não quer mais que ela trabalhe fazendo comida depois que a família abre um restaurante. Sheri também se preocupa em ter a família expulsa da casa pelo tio que tomou toda a herança de seu pai. Enitan a aconselha a procurar um advogado, nesse caso o pai dela.
- A relação com o pai continua a piorar especialmente por causa de suas visões conservadoras. O fio se rompe quando ela descobre a partir de um telefonema da agência de viagens que o pai tem um filho. Ela entende que como a mãe seu pai não é tão bom como ela pensava que fosse. Eles têm uma conversa em que o pai não aceita ser repreendido e ela decide sair de casa para viver com Mike.
- Ao chegar lá, Enitan é recebida por Mike mas percebe uma certa resistência da parte dele, ao espiar para dentro da casa ela vê outra mulher lá dentro. Ela tenta ir embora, mas desiste, volta e destrói uma das obras de arte de Mike e vai embora. No caminho decide ir a casa de Sheri.
- Enitan se transfere para um trabalho na fazenda. E passa seu tempo nos tribunais. Nesse período também vai morar com Sheri.
- Durante sua estadia na casa de Sheri, Enitan vai até um clube nadar. Lá ela conhece um homem, que inicialmente não gosta, mas que depois passa a conversar com ele. Ela descobre que ele é divorciado e que tem um filho, mas sua mulher se mudou para a Inglaterra ainda grávida, deixando ele na Nigéria. Depois de muita implicância eles engatam um relacionamento.
- Nesse período a relação de Sheri com a amante desanda e ele tenta bater nela. Sheri revida com toda a força fazendo com que o homem fuja dela. Como resultado ela tem que voltar para a casa dos pais e deixar as coisas pagas pelo amante. Também são revelados algumas coisas da família de Sheri, como o fato do pai dela a ter roubado, para que fosse criada na cultura dele.
- Enitan vai morar com a mãe e pela primeira vez parece compreendê-
1995
- Enitan se casa com o homem da piscina, Niyi. Sua família não aprovou de primeira, mas o casamento aconteceu. Ela muda de emprego para trabalhar em um setor financeiro de um banco, por intermédio do marido e ele a ensina a ser mais dura com as exigências de seus colegas de trabalho.
- O tempo passa e a convivência vai mostrando que o marido e sua família tem algumas visões diferentes da dela. Sua sogra não tem muita simpatia por ela, seu marido insiste em colocá-la em uma posição conservadora. Ela começa a refletir e se incomodar com a dupla jornada que se vê obrigada a fazer.
- Algum tempo se passa Enitan fica grávida, mas perde o bebe no início da gravidez. Fica gravida novamente mas perde novamente o bebê, em um aborto espontâneo que diminuiu as chances de ter outro filho. Ela e o marido continuam tentando em meio às brigas. Essa demora a deixa profundamente angustiada o que os leva a procurar um médico de infertilidade (que Enitan considera uma vergonha). Aos 30 anos ela consegue engravidar, no momento em que o governo passa por mais um período autoritário. Ela deixa o seu trabalho para ficar de repouso. Apesar de ser considerada como uma nova rica, a vida não é tão simples porque ainda falta água, gás, várias doenças dizimaram parte da população.
- Continuamos acompanhando a vida de Enitan, como ela se aborrece com seu marido por colocá-la na condição de serviçal, como ela não gosta das companhias que têm exceto por Sheri e como apesar de tudo ela aceita esse como seu papel na sociedade. Um dia chega a notícia de que seu pai foi preso pelo governo por causa de algumas manifestações públicas. Enitan assume os trabalhos de seu pai na firma de advocacia e logo no primeiro dia é abordada por uma repórter que conversou antes com seu pai e que agora lhe pede uma declaração. Ela dá. Todos a censuram por se colocar em risco desse jeito, (seu marido e sua mãe)
- A relação com seu marido só piora porque tudo o que ele espera dela é que, apesar da situação, continue cozinhando, cuidando da casa e se preocupando com a gravidez. Um espírito de resignação irritante toma aquele homem, que nem homem parece. Enquanto isso, as ações de Enitan se tornam insensatas, um exemplo é quando ela bate-boca com um policial em uma blitz.
- Enitan visita a jornalista que a entrevistou para ter notícias, mas nenhuma informação nova aparece. A jornalista a convida para uma leitura, onde pessoas vão compartilhar seus escritos. Ela vai e fica impressionada com a sinceridade das pessoas, o quanto elas mostram problemas e críticas à sociedade por meio da escrita. Sem receber um centavo. Enitan se pergunta se eles têm alguma noção do quão perigoso isso pode ser, se eles vislumbram o risco que estão correndo. Ao sair dessa reunião todos são presos.
- Enitan e a repórter Grace passam um dia na prisão. Tudo é sujo, superlotado e a situação é péssima. Enitan começa acuada mas logo enfrenta uma das presas e logo elas se dão bem. Depois são libertadas sem motivo algum, como se nada tivesse acontecido.
- A vida continua. Enitan e o marido estão brigados, não se falam. O pai continua preso. Ela visita a mãe. Se aproxima mais de Grace. O governo continua subversivo. Ela reflete em como essa opressão afeta sua vida e a de todos. Reflete como um regime democrático não melhoraria em nada a vida das pessoas. E outras coisas.
- A filha de Enitan nasce e ela se enche de alegria e coragem. Ela e Grace criam um grupo de mulheres que se reúnem para conversar e defender os presos políticos. Nada de ruim acontece com elas. Algum tempo depois, Enitan deixa o marido porque precisa. Depois da morte da mãe e do nascimento da filha ela se sente uma nova pessoa. Aparentemente ela vai morar na antiga casa da mãe.
- Um dia ela recebe uma ligação do pai. Dizendo que foi solto. Seu coração se enche de alegria e o livro acaba com ela dançando e cantando no meio de uma avenida.